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Foto do escritorHumanismo Caboclo

Como fomentar, de fato, o pleno desenvolvimento do educando?

O projeto “Leitura é Vida” comemora mais algumas produções textuais de seus educandos: “A árvore sem folhas”, de Thaline Beatriz R. de Sousa, e “Joana e seu livro”, de Maria Helouisa Lopes Felix. Eles fazem parte de nosso acervo do Caderno do escritor. E por que comemorar? Não seria esperado que crianças que frequentam escola gostem de escrever e produzam inúmeros textos? Não é pela expressão textual que ampliamos a compreensão do que somos e de como nos posicionamos no mundo?

A princípio, deveria ser assim. A Lei de Diretrizes e Bases de Educação (LDB), que regulamenta a educação brasileira, em seu artigo segundo, define que a educação brasileira “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando”. Tendo em vista tal fim, o domínio das linguagens, expressar-se com fluência e pensar com liberdade são fundamentais para o desenvolvimento integral da pessoa humana. Mas, infelizmente, nossas crianças demonstram vergonha e/ou medo de produzir textos. Parece que uma narrativa ou uma dissertação são coisas para pessoas tais aquelas encontradas nos livros didáticos ou na literatura infanto-juvenil. É isso mesmo? Os livros que deveriam estimular e incentivar crianças a pensar e expressar-se estão projetando justamente o contrário?

Foto: William Feitosa Jr.

Seria leviano de nossa parte afirmar que sim pelo fato de não se basear numa pesquisa ou em observações mais sistemáticas. Mas, no cotidiano das atividades do “Leitura é vida”, identificamos crianças que resistem a expressar-se por meio de textos escritos. Ou, quando escrevem, demonstram resistência em partilhar seus saberes. Ao serem questionadas, apenas respondem: “não quero” ou com um gesto negativo pelo movimento da cabeça. Ao encorajá-las, elas socializam textos originais e criativos. Será que estamos, em nossas salas de aula, plantando o mito da “resposta certa” que intimida crianças pelo temor de apresentarem uma resposta “errada”? No afã de preparar os melhores (entenda como aqueles que possuem as melhores notas), a escola não está estimulando a autoconfiança tampouco a expressão livre e criativa das crianças?

Este breve artigo socializa algumas inquietações de educadores extensionistas a partir de suas experiências. Acreditamos que pela partilha de informações e discussões dos desafios educacionais possamos ampliar nossa caminhada frente ao pleno desenvolvimento do educando e também dos educadores. Certamente que nosso sistema educacional, com suas inúmeras políticas (de avaliação, formação de professores, incentivo e remuneração dos trabalhadores da educação, livro didático, orientações didático-pedagógicas, bibliotecas e demais equipamentos escolares etc.), possui grande responsabilidade sobre o silenciamento criativo e expressivo de nossas crianças. Mas já merece outras reflexões...

(este caráter de texto inacabado é uma espécie de convite à participação ativa de nossos leitores: comente, discorde, amplie as reflexões...)


Por Luciano Melo

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