A Biblioteca Leituras e Descobertas do Mundo explora a fantasia. (Sim, mais uma definição. O que seríamos sem os conceitos? Imagino que, na sua ausência, nossa intuição seria mais aguçada e as aparências que nos aprisionam descortinadas. Mas voltemos). Todo sábado escolhemos viver a imaginação e o fantástico. Por quê? Porque somos humanos. É de nossa natureza ou maneira de estar no mundo inventar outros mundos e outros eus. Somos desejantes. Queremos mais e mais. Os quereres nos movimentam. E a vida ganha outras cores.
Uma parte das crianças leitoras ainda está presa ao número de palavras e páginas. Que planta daninha mais difícil de extirpar! Mas insistimos. Como? Levando as crianças para outros campos da leitura. Longe do número de páginas, das resenhas ou fichas de leitura. Simplesmente vivendo a fantasia das narrativas como também das gravuras. Algumas crianças amam as ilustrações. Outro dia, Kauã escreveu no seu caderno de leitura que amara a gravura colorida de uma mata. Também amei.
Literatura, e, particularmente a infantil, toca nossos sentidos da imaginação. A fantasia. A criação. A invenção. O devaneio. O sonho. Nosso céu. Nosso inferno também. Com a imaginação viajo na onipotência humana. Construo pontes. Imagino vidas. Expresso meus desejos. Canto a natureza, mas também a fome e a morte. Penso no que fui. Crio outros eus. Percebo a finitude. Toco a esperança. Rio da dor. Choro com o fim.
Ao ler descubro quantos eus me habitam. Ou somente vislumbro. Ou acaricio. Ou invento. Ou contemplo. Ou sonho. Ou materializo arduamente. A liberdade de fantasiar, além de potencializar meu eu, desprende-me de todas as amarras (ou quase todas). Com a imaginação, delicio-me com a liberdade de ser, estar, fazer, sentir, sonhar... Ah, como não me potenciar por meio da fantasia!? Como não imaginar mais e mais com a leitura?!
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