Mais uma etapa do Curso de Educadore(a)s Jovens do Campo foi realizada. Nos dias 14 e 15 de setembro, jovens estudantes das Escolas Família Agrícola, mantidas pela FUNACI (Fundação Padre Antônio Dante Civiero), discutiram a temática geradora do terceiro módulo – “Mística Popular e Luta”. Aconteceu na EFA Baixão do Carlos, na zona rural de Teresina.
O encontro discutiu, inicialmente, os significados da mística no processo de animação para a luta dos movimentos sociais. O pedagogo William Feitosa fez uma discussão sobre o filme-documentário “Anel de tucum” (1994), do diretor Conrado Berning. Ao relatar as lutas das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), o filme serviu para provocar reflexões acerca da mística no processo de união, animação e motivação das lutas das pessoas e grupos oprimidos. Entre as ideias propostas pelos jovens para explicar o que é mística, citaram: “reunir a população das comunidades e começar a trabalhar algo melhor, construir algo melhor”; “é um momento de reflexão e conversa num grupo de pessoas”.
A educadora Joice Naira Fernandes de Paiva Costa, da JM (Juventude Missionária), refletiu com os participantes sobre a espiritualidade como elemento que motiva as lutas das pessoas. Para tanto, desafiou os jovens a pensarem a partir dessas três perguntas: “até que ponto a minha espiritualidade se transforma em uma prática? Eu tenho reduzido a minha espiritualidade somente a minha religião? Que meios devo buscar para vivenciar a minha espiritualidade na sociedade?”. Ao final, propôs a seguinte leitura sobre espiritualidade: “a espiritualidade, num contexto social, é compreender parte de um mundo onde todos merecem o bem”.
Na manhã de domingo, o educador popular Antônio Carvalho desenvolveu uma discussão sobre movimentos sociais. “A sociedade só se transforma quando a luta é coletiva. A organização não vem pelo indivíduo, mas pela organização coletiva. Nossa intenção é estimulá-los a se engajar politicamente”, explicou.
Nesse sentido, os jovens participantes, provenientes dos municípios de Miguel Alves, São Pedro, Altos e Teresina, estão se desafiando a desenvolver ações sociais em suas comunidades rurais. Desde o desenvolvimento de palestras sobre temas ligados à vida dos jovens, criação de quadrilhas e animação de grupos tradicionais (como o bumba-meu-boi), organização de abaixo-assinado para construção de estradas, retomada das obras de um poço para benefício da comunidade, criação de uma horta medicinal, limpeza de uma barragem e reflorestamento das suas margens à limpeza do campo de futebol comunitário e arrecadação de fundos para compra de equipamentos para os times locais.
Esse é o grande propósito do curso ofertado pelo Humanismo Caboclo e Funaci: fomentar ações de luta social pelos jovens camponeses. Não há cidadania real sem exercícios de enfrentamento das dificuldades pelas lutas coletivas. Desconstruir a imagem de uma cidadania vazia marcada pela formalidade de direitos e deveres é fundamental para construir uma sociedade justa e verdadeiramente democrática.
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