Na manhã desse último sábado, 13 de fevereiro, na Praça dos Orixás (Parque Lagoas do Norte), em Teresina, a equipe do programa de extensão Humanismo Caboclo (HC) reuniu-se para avaliar o trabalho feito no ano de 2020 e projetar as novas ações. Estiveram presentes o coordenador do HC, Luciano Melo, o ex-aluno da licenciatura em Ciências Sociais da UESPI e estudante do mestrado em Sociologia (UFAL), Marcos Rangel, e as estudantes do quinto bloco de Ciências Sociais: Joyce Ravena Bastos, Luana Tavares, Maria Gabrielly Borges e Rosângela Silva.
O primeiro desafio foi avaliar o projeto Ciências Sociais em Rede. Este foi criado para substituir as oficinas presenciais do projeto “Sociologia e Juventudes”. Este se organizava a partir de temas propostos pelos participantes em rodas de conversa. Como não foi possível realizar rodas de conversa virtuais, foi proposta a produção de conteúdos para as redes sociais. Juntou-se ao HC o centro acadêmico de Ciências Sociais Esperança Garcia e, durante o ano de 2020, foram criados 44 materiais educativos com temáticas diversas das Ciências Sociais. Eram vídeos ou textos, partilhados no instagram e facebook.
Foi proposto avaliar o Ciências Sociais em Rede a partir do seguinte questionamento: como foi a aceitação desses conteúdos por jovens do ensino médio? Primeiramente, verificou-se que não tínhamos um público de estudantes do ensino médio: a maioria das pessoas que acessava as redes sociais do HC e do CA Esperança Garcia era composta por estudantes universitários. Desse modo, não foi possível enfrentar o imaginário social acerca da Sociologia de que é uma disciplina distante da vida dos estudantes ou difícil por conta de suas particularidades como uma ciência que faz críticas às representações sociais recorrentes nos pensamentos e práticas das pessoas.
Por outro lado, reconheceram-se os limites das redes sociais: a diversidade de públicos e interesses, e, uma certa tendência a uniformizar as partilhas de conteúdos entre os públicos específicos sem a respectiva análise e diálogo crítico. Também ponderou-se que os estudantes do ensino médio estavam obrigados a consumir muitos conteúdos digitais por conta da pandemia que os obrigou a ter uma educação remota. Por fim, percebeu-se que as plataformas digitais de ensino, em geral, não construíram espaços de troca onde os estudantes pudessem sentir-se à vontade para questionar e propor suas indagações e interesses de estudo (a tradição conservadora do ensino disciplina os estudantes a repetir conteúdos e conhecimentos de forma passiva e sem construção colaborativa).
Assim, optou-se por identificar grupos de estudantes que demonstrassem interesses em discutir fatos e vivências de seus interesses. O grupo comprometeu-se em identificar esses estudantes a partir de suas experiências com escolas públicas. Outro caminho foi conversar com jovens da Vila Operária e propor uma reunião presencial onde pudéssemos dialogar sobre o que é importante para eles tratar em rodas de discussão. A intenção é construir sentidos práticos dos conhecimentos das Ciências Sociais com os jovens, no sentido de uma vida marcada pela tolerância e justiça social.
Outro ponto discutido na reunião foi a criação de coletivos de crianças para o projeto Leituras e Descobertas do Mundo. A proposta é, a partir da biblioteca móvel do HC, construir experiências de leitura do mundo a partir da mediação de livros infantis e dos pontos de vista das crianças leitoras. Inicialmente, os estudantes de Ciências Sociais comprometeram-se em animar crianças de dois bairros (São Joaquim e Vila Operária) para realizar encontros quinzenais aos sábados pela manhã com a intenção de ler livros, o mundo e as experiências das crianças. Uma sociologia da infância orientada pelos olhares e saberes das crianças, dos livros e dos conhecimentos dos estudantes de Ciências Sociais.
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